Scion - Marcos - Tempos estranhos e o fim do mundo

Depois de retornarem ao local isolado onde mantinham o treinamento com Quíron, vários dias se passaram. O centauro procurava sempre incentivar o desenvolvimento dos Scions, tanto no treinamento pesado de seus pontos fracos, como desenvolvendo seus pontos fortes. A fraqueza de um corpo mortal, inferior, era suplantada pelos treinamentos tendo os próprios Scions do grupo como oponentes, Eventualmente, mandava-os para pequenos treinamentos sozinhos, de modo que ter alguém faltando não era incomum.

Marcos estava num desses dias de treino, sozinho, quando se viu pensando em sua mãe humana.

<off: descreva o foco de treinamento do Marcos, e um pouco do seu relacionamento com sua mãe. >

O treinamento estava sendo exaustivo, horas de treinamento físico e estudos começavam a pesar. Isto o impressionava já que raramente ficava cansado graças ao poder que existia dentro dele. Estava sentado estudando sobre os titãs, os últimos combates antes de Quiron aparecer o fez perceber que ele e seus companheiros poderiam ser poderosos, mas ainda desconheciam bastante o que estavam enfrentando. Não era apenas uma questão de matar ou destruir os titãs, era preciso saber como impedi-los.

No meio da leitura, uma saudade começou a bater em seu peito, fazia tempo que não via sua família, e com isso ele pensava em sua mãe mortal, não em seu pai que o abandonou por que decidiu que preferia curar a machucar as pessoas. Sua mãe sempre foi uma pessoa bondosa que se preocupava com os outros apesar da origem humilde deles. Seu maior orgulho foi a decisão do Marcos se tornar um médico e ele fazia de tudo para nunca decepcioná-la.

Muitas vezes quando pensava por que ele escolheu tal profissão, por que ele era compelido a proteger em vez de atacar, pensava em sua mãe. Será que mesmo sendo humana ela o afetará tanto ao ponto de mudar quem ele deveria ser? Era um pensamento reconfortante, e graças a isso talvez ele agora estava sob as asas de alguém que acreditava nele, sua outra mãe Athena.

Perdido em pensamentos, Marcos custou a perceber que o seu celular estava tocando. O destino tinha formas estranhas para resolver as coisas, e quando ele pegou o celular para ver de quem era a ligação, reconheceu, no número brasileiro, o telefone da casa de sua mãe.

Ela nunca havia lhe ligado. Marcos nem tinha certeza que ela tinha mesmo aquele número. A ligação internacional para um celular era cara demais. Será que havia acontecido alguma coisa?

Suspeito da ligação, mas também impossibilitado de simplesmente ignorá-la, atendeu o telefone atento ao que poderia ser. Checou se tudo estava por perto caso necessitasse agir rapidamente. Sua mochila médica estava com ele, assim como a pistola, presente de seu antigo pai. No pescoço estava o pequeno simbolo que caiu de um replicante que tomou a sua forma. O Machado, fruto de sua última missão ao seu lado deitado no chão e o livro agora preso pela lombada na mão esquerda enquanto atendia o telefone.

-Ola?

- Marcos? Você está bem, meu filho?

A voz do outro lado e o jeito inconfundível de falar deixavam claro que se fosse um impostor, tinha estudado com muito afinco as minúcias do comportamento de sua mãe. Ela parecia emocionada, aliviada, um turbilhão de emoções, tudo ao mesmo tempo.

-Mãe, tá tudo bem com a senhora? Você nunca liga no meu celular, nunca gostou muito dessas coisas tecnológicas. Aconteceu algo?

Tentava prestar atenção em qualquer coisa que pudesse denunciar algo. Se fosse um impostor ou mesmo se alguém estivesse usando ela para atrair ele para alguma armadilha. Não era especialista nisto, mas não podia deixar de achar estranho aquela situação. Abriu seus ouvidos e seu instinto para qualquer coisa que fosse.

A voz e o jeito de falar pareciam realmente o dela. Ela responde:

- Não gosto mesmo dessas coisas, mas eu tava preocupada... você não deu mais notícia, e eu vi num jornal a foto de um homem que morreu. Reconheci e fui olhar nas suas fotos, era um amigo seu de quando você foi pra guerra. Ferdinando Souza é o nome que tá no jornal. Lembra dele?

Marcos se lembra vagamente. Era um bom homem, que só falava em voltar para a sua casa em Minas Gerais. Não chegaram a ser amigos, mas era um bom colega de trabalho. Estranho sua mãe reconhecê-lo da foto coletiva que Marcos havia mandado pouco antes de voltarem, para mostrar que estavam todos bem.

Aquilo era incomum, mas não era algo suficiente para condenar alguém. Ainda atento continuou a conversar para ver se conseguia puxar algo a mais. A notícia sobre o Ferdinando o chocou um pouco não lembrava dele ter sido destacado para nenhum lugar, haviam poucos conflitos que o exército brasileiro estava cuidando além da patrulha das fronteiras que era algo sempre constante e precário.

-Eu tive que viajar meio de sopetão mãe. Meu professor da faculdade quis que eu fosse em um simpósio e é muito caro ligar para o Brasil daqui. Se você tivesse um e-mail ou algo assim eu poderia conversar mais com você durante essas viagens. Como que ele morreu mãe, os jornais deram alguma explicação do que aconteceu com ele?

- Então, filho...

Ela faz uma pausa dramática, como quem se prepara para falar algo chocante, e diz:

- Parece que ele tava visitando parentes em Ouro Preto, e sumiu. O corpo foi achado num cemitério, todo furado. Eles tão falando no jornal que parece um "ritual satânico"... Aí eu fiquei preocupada com você...

Já tinha ouvido falar de casos assim, no Brasil vira e meche apareciam casos de assassinatos onde os culpados alegavam participar de um culto ou dizer que era tudo um jogo de RPG. Não deixava de ser um caso chocante, mas dificilmente achava capaz de ser realmente um culto satânico. Porém algo começava a coçar na sua orelha.

-Eu to bem mãe, aqui na cidade é tudo muito seguro. Maior problema são só as chuvas que vem do nada. Em que jornal saiu isso, quero dar uma lida só, saber o que aconteceu com o coitado. Devo voltar para casa assim que o simpósio acabar, estou aprendendo muito com os professores de outras faculdades.

Ela passa o nome do jornal. Na verdade era um tablóide de pouca credibilidade, e preço baixo. Mas sendo uma notícia como essa, talvez fosse fácil de se achar algo no Google. Um pouco mais aliviada, ela completa:

- Que bom, estou com saudades. Se cuida, meu filho.

Era a deixa para desligar...

-Tchau mãe, te amo muito, não se preocupa que logo estou de volta para casa.

Com isso ele desligou o telefone. Precisava achar um computador e verificar o caso, qualquer informação apenas para garantir que nada de ruim estava realmente acontecendo. Acidentes assim por mais infelizes que fossem aconteciam e fazia parte do inefável destino, mas preferia garantir que não havia nenhum culto mesmo andando pela região e que Deus o salve de ter algo realmente acontecendo pelo Brasil. Era sua terra, afinal de contas tinha protegido dois países diferentes já e desde dos acontecimentos das chuvas no Rio as coisas se acalmaram, talvez ficaram calmas demais para o que ele já tinha experimentado, os titãs não descansavam, NUNCA, e nem ele iria.

Juntou suas coisas e foi em direção ao computador mais próximo.

Percepção + Investigação : Wolfhard efetuou 5 lançamento(s) de dados d10 :

2 , 2 , 10 , 2 , 5

Inteligência + Ocultismo : Wolfhard efetuou 3 lançamento(s) de dados d10 :

9 , 2 , 2

+ 2 épico

O membro 'Wolfhard' realizou a seguinte ação: rolar dados

'd10' : 7

As notícias oficiais são exatamente como sua mãe havia contado. Com algum trabalho, Marcos consegue encontrar algumas imagens que vazaram para a internet, sobre o crime em si. Havia toda uma simbologia de satanismo barato, mas em meio a isso, um dos símbolos chama a atenção pelos caracteres gregos junto ao pentagrama. Certamente, era uma alusão a Pã, o deus traidor, que havia se unido à causa dos Titãs.

Não era um bom sinal, todos estavam em intenso treinamento e aquilo não era um alarme como o que aconteceu nas últimas duas missões de seu grupo. Poderia ser apenas algo que estava começando e sendo assim talvez tivesse como impedir que isso crescesse até uma massa crítica. Porém se uma coisa que ele tinha aprendido com seus companheiros foi não pular em uma luta as cegas, por mais que ele fosse capaz de aguentar praticamente tudo que jogassem contra ele, ele precisaria saber contra o que iria lutar para saber como atacar.

Foi até Quiron pedir por conselhos e pistas do que poderia estar acontecendo, o choque inicial de ter ele como mentor não apenas seu mas de seus companheiros tinha passado e o convívio fez com que ele tivesse uma atitude menos de fã e mais de aluno. Procurou-o até encontra-lo e perguntou sem fazer rodeios.

-Quiron, gostaria de conversar com você sobre algo que fiquei sabendo.

Marcos estranhou o fato de não ter esbarrado com ninguém até chegar a Quíron, que estava lendo tranquilamente um livro muito grosso, de capa surrada. Com naturalidade, ele estendeu a mão indicando a poltrona em frente, e disse:

- Diga.

Marcos começou a explicar tudo o que conseguiu achar sobre a situação, desde o que sua mãe informou pelo telefone até tudo o que descobriu pela internet. Comentou em especial sobre o fato de ser um Titã relacionado a Mitologia Grega e isto ter acabado vindo em sua direção e talvez fosse algum sinal sobre o que ele deveria fazer no momento. Disse que se sentia confiante em investigar isso, mas gostaria de saber a opnião de seu mentor sobre o assunto e de como poderia agir melhor neste caso.

-Acredito que isto seja obra do Destino, algo tão próximo de mim em tantos aspectos. Gostaria de poder investigar isso e ver o quanto o treinamento que tive junto a você e meus companheiros me fez crescer. Qual sua opnião sobre isso Quiron?

Quíron respondeu com uma naturalidade que só podia ser explicada por ele já ter visto aquilo acontecendo muitas e muitas vezes:

- Não é coincidência, você deve ir. Nesse momento, seus companheiros também estão enfrentando desafios particulares. Cada um teve um motivo para partir.

Ele fecha o livro e diz:

- Você precisa de alguma coisa? Ajuda com a passagem? Recursos para ficar em situação confortável por lá?

-Preciso de informação do que vou enfrentar, sei que isso pode estar ligado ao culto de Pã, porém pouco achei sobre eles ou o que poderei enfrentar. Uma das coisas que você nos ensinou foi nunca entrar em um combate sem saber o que fazer. Mais do que qualquer coisa preciso ter uma boa ideia do que irei encontrar para saber como enfrentarei-os, sei que pouca coisa pode me machucar e sou capaz de destruir com um toque, porém caso isso falhe não quero ficar vulnerável a eles.

Com a mesma calma de sempre, Quíron diz:

- Não sei até que ponto você conhece a história do filho de Hermes e suas desavenças contra Apollo, mas desde que Pan deixou o Monte Olimpo, com o orgulho ferido e o desejo de se vingar, ele tem feito de tudo para conseguir poder. Como deus, ele é extremamente fraco, não é um desafio durante um combate físico. Mas Pã é esperto, e usa seus adoradores para conseguir poder. Diferente da maioria dos deuses, ele jamais deixou de se revelar aos seus filhos, mas ao contrário dos demais, ele mente. Muitos de seus filhos acreditam ser filho de Satanás, cuja obrigação é trazer a maldade a este mundo. Com o nome de Satã, Pã tem um exército de adoradores. Não acredito que você vá encontrá-lo pessoalmente, mas talvez um de seus filhos, ou mesmo seus adoradores. Ele lida com o caos, o medo e o desejo. Creio que eles sejam mais um desafio mental do que físico para você. O que quer que você encontre, pode não estar preparado para saber a verdade.

-Tenho uma boa idéia então do que eles podem usar contra mim então. Irei com cuidado, e tentarei usar tudo que aprendi com você nesses últimos tempos. Qualquer problema que eu encontrar a mais eu envio uma mensagem para todos vocês. Obrigado por tudo Quiron, não decepcionarei você ou minha mãe. Não sou mais um aprendiz, sou um guerreiro, filho de Athena e não permitirei que nada ocorra sobre o Brasil. Irei com a convicção de um herói e voltarei triunfante.

Com isso Marco colocou a mão sobre o ombro de Quiron como se despedindo e partiu em direção ao aeroporto pegar o voo mais próximo para Minas Gerais através do Aeroporto de Belo Horizonte, para prestar condolências a família e começar a investigar o que Pã estava tramando.

Marcos decide viajar do jeito mais mundano possível. Do aeroporto de Confins, até Ouro Preto, seriam mais duas horas e meia de viagem. O endereço que Erik possui é o da residência de Ferdinando em Belo Horizonte. Nada sobre seus parentes em Ouro Preto.


<off: desculpa o post curto, acabaram minhas férias e eu tô um bagaço... foi mais pra orientar o Marcos para que ele defina os próximos passos. >

Não era muita coisa, fato, porém era um começo, poderia conversar com eles, perguntar onde ele foi enterrado, qualquer coisa talvez ajudasse. Queria primeiro ter uma ideia se a família dele estava bem e segura, com isso garantido e com um pouco de sorte mais informação partiria para onde o crime aconteceu, usaria toda sua capacidade para tentar encontrar algo lá. Precisava se controlar, principalmente com os mortais, poderia livremente usar seu poder para descobrir mentiras e culpados, mas deveria usar isso sabiamente já que poderia estar lidando apenas com mortais do culto de Pã.

Seguiu os endereços que tinha até a casa, deixou a arma engatilhada dentro da sua bolsa, para qualquer emergência, já tinha se acostumado a atrair problemas para as pessoas perto dele, porém sabia que tinha como protege-las. Tocou a campainha e esperou os parentes de seu amigo atender.